quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Orgulho e Preconceito - Jane Austen



O livro Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice, título original), é a obra mais conhecida da escritora britânica Jane Austen. Publicado em 1813 e traduzido pela 1ª vez, para o português, em 1940 é reconhecido pela crítica como o segundo melhor livro de romance da literatura inglesa. Orgulho e Preconceito é considerado ainda, pela crítica, como a obra que abriu o período romancista moderno da literatura britânica, dando o mesmo título a sua autora que, inclusive se coloca no romance, como forma de mostrar de fato a sua inquietação com as regras da sociedade aristocrática da época, ao dar a uma das personagens o seu nome.

Trata-se, a narrativa, de uma saga social que perpassa as convenções da época, sobretudo do ponto de vista da mulher. É um romance que introduz os anseios nos novos modos de pensar a sociedade na perspectiva feminina e abre as portas para as mudanças necessárias e naturais que, mais cedo ou mais tarde, aconteceria, quisessem os conservadores e detentores de status social elevado ou não. Tais mudanças são baseadas nos anseios de independência e realização feminina em todos os sentidos. É de fato, uma narrativa que comunica a vontade da mulher daquele tempo de dar um basta as regras da sociedade que a tinha como um ser meramente ocupante de um pequeno espaço no seu meio, em detrimento dos muitos privilégios  e desejos masculinos e de classes. Orgulho e Preconceito inicia o movimento de emancipação da mulher da época ao propor personagens que não se curvam às convenções sociais da burguesia, mesmo diante da resistência.

Esse movimento de emancipação da mulher inglesa está caracterizado nas atitudes das mulheres da família Bennet, basta deter-se nos capítulos iniciais que detectar-se-á tal intento. A Sra. Bennet, por exemplo, quando sabe da chegada de um novo e rico morador toma a iniciativa de preparar uma visita ao mesmo. Claro, movida muito mais pelo interesse em casar as filhas com homens ricos do que pela vontade de tornar-se íntima do novo morador ou de dar-lhes as boas vindas. O costume da época era que o homem da casa fizesse a visita para depois as mulheres. A Sra. Bennet se antecipa e argumenta ao marido que é necessário o mesmo realizar a visita antes. Ela chega a ser grosseira com o esposo. Outro exemplo de emancipação feminina está na atitude de Lydia Bennet, irmã mais nova de Elizabeth, ao fugir com o jovem Wickham e não dar importância as consequências do ato. O exemplo maior realmente está em Elizabeth Bennet que, além de não permitir amordaçar-se as imposições comportamentais da burguesia inglesa, enfrenta o preconceito e o desdenho de Lady Catherine. O grande feito de Elizabeth, no sentido de emancipar a classe feminina, está em enfrentar o Sr. Darcy, personagem que representa a sociedade preconceituosa. Ela se impõe e enfrenta, de igual para igual, o preconceito e a arrogância de Darcy e da burguesia, a ponto de torná-lo menos preconceituoso e, um dia seu.

A dualidade e o constante embate entre o orgulho e o preconceito, sentimentos explicitamente perceptíveis nas relações e conversas dos personagens caracterizam bem o pano de fundo da época e os dois repulsantes lados da sociedade inglesa. De um lado a personagem Elizabeth, em quem, pressupõe-se, reside o orgulho, talvez não do ponto de vista do depreciativo, mas do defender-se da mesquinhez, e do outro o personagem Sr. Darcy, detentor do preconceito e, muito mais, do orgulho, por fazer parte de uma classe social alta. A começar pelo apelido dado a Elizabeth Bennet, carinhosamente chamada de Lizzy, percebe-se uma pouca existência do orgulho, sentimento que seria dedicado única e exclusivamente à mesma. Quanto ao Sr. Darcy, o mesmo tem um misto de preconceito e orgulho, a ponto de se recatar aos cantos em eventos repletos de convidados, e não somente o preconceito, como faz pensar a narrativa se lida superficialmente. De tão preconceituoso e orgulhoso chega a ser repugnante.

Outro aspecto relevante da narrativa são os personagens secundários que não deixam de completar a história, simplesmente pelo fato de serem secundários. Pelo contrário, eles se somam aos lados descritos nos personagens Elizabeth e Sr. Darcy para ampliarem a característica da burguesia inglesa da época. As demais irmãs de Lizzy, lindas e inteligentes como ela, são também um misto de inocência e devaneio, como o próprio pai, Sr. Bennet: “São tolas e ignorantes como as outras moças”. Ao contrário da irmã mais velha que se impõe perante qualquer desafio, elas são completamente submissas as vontades da mãe. Ao mesmo são curiosas e dispostas, principalmente quando se trata de um pretendente.

As srtas Bingley, aparecem menos do que as Bennets. Aparecem com freqüência somente no início e em outros momentos quase desaparecem. Mesmo assim fazem parte do lado burguês, por isso preconceituoso e são responsáveis por colocarem tal sentimento em evidência ao criticarem o comportamento livre das srtas Bennets, principalmente de Elizabeth, quando da vinda a casa do Sr. Bingley para visitar a irmã que ficara doente: “Parece-me evidenciar um conceito abominável de independência, uma indiferença…á mais elementar decência”.

O Sr. e a Sra. Bennet são totalmente contrários. Enquanto o Sr. Bennet representa a passividade e paciência de um esposo e o esforço de um pai de família que precisa sustentá-la, a Sra. Bennet representa o interesse em casar as filhas de forma que elas ganhem status social. Basta ler o parágrafo inicial da narrativa: “Trata-se de uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, dotado de uma fortuna, deve estar precisando de esposa”.

A narrativa segue com seu misto de orgulho e preconceito, arrogância e desdenho, sonhos e inocência, desejo de independência e emancipação, tudo dentro da perspectiva feminina. Os personagens principais, Sra. Elizabeth e Sr. Darcy, retratam a característica da sociedade da época marcada pelas convenções sociais impostas de cima para baixo. São as regras sociais de comportamento da classe dominante sendo impostas às classes menos favorecidas.

(Autor: Dalvan José de Sousa - Professor Graduado em Letras pela URCA e Pós-Graduado em Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e Inglesa pela Faculdade Vale do Salgado - FVS)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Portas da Percepção

A primeira vez que essa expressão apareceu foi nas palavras do poeta e pintor William Blake (1757-1827):

"Se as portas da percepção forem limpas, tudo apareceria ao homem como realmente é: infitino"

Tempos depois virou nome de banda: The Doors of Perception - logo depois apenas THE DOORS

e também o livro de Aldous Huxley, em que ele comenta suas experiências com drogas alucinógenas.