terça-feira, 4 de setembro de 2012

SHAKESPEARE EXISTIU?


Acabei de assistir ao filme ANÔNIMO, que tem a seguinte sinopse:


O filme explora a antiga teoria de que as peças de William Shakespeare (Rafe Spall), na verdade, tenham sido escritas pelo Conde de Oxford Edward de Vere (Rhys Ifans). Como pano de fundo, um momento histórico: os conflitos causados pela sucessão da Rainha Elizabeth I (Vanessa Redgrave).


O filme é bem feito visualmente, tem até uma história coerente, mas... existem certos eventos, e até fatos absurdos que me intrigaram e resolvi pesquisar.

Primeiro gostaria de salientar que eu mesmo vi em Stratford-Upon-Avon, cidade natal de Shakespeare, a sua certidão de nascimento, bem como a sua assinatura em escrituras de imóveis e outros documentos. O filme o coloca apenas como um ator oportunista e analfabeto. Como então ele assinou o nome (letra bonita) e decorava suas falas então?

O filme mostra que o Conde de Oxford, Edward de Vere era o verdadeiro autor, mas escolheu alguem não nobre para encenar suas peças. Creio que, psicologicamente, é muito, muito difícil um artista abrir mão tão facilmente de sua obra e ouvir os aplausos para um impostor. Existem tantas outras teorias conspiratórias sobre a autoria, até a Rainha Elizabeth, o rei Jaime II, que a sucedeu, o pensador Francis Bacon e até Daniel De Foe (que só nasceria um século depois e faria Robinson Crusoe) foram creditados como os verdadeiros autores.

O filme também mostra o escritor laureado Ben Johnson, que fez parte da companhia de Shakespeare, como o contatado para ser o impostor, mas perdeu o posto por conta da esperteza malandra de Shakespeare. No filme também é dito que Shakespeare o proibiu de encenar no teatro Globo, isso não encontrei em lugar nenhum.

A rainha Elizabeth é descrita como uma "pamonha" libertina que teria tido 6 (seis) filhos bastardos, acho muito demais da conta para quem levou a alcunha de Rainha Virgem, é certo que ela enamorou-se por seu estribeiro-mor Robert Dudley, que não é mencionado no filme.

Christopher Marlowe, que é descrito sempre como um escritor que, se tivesse vivido mais, teria sido melhor que Shakespeare, é mostrado como um chantagista oportunista que teria sido assassinado por Shakespeare. Sabe-se que ele morreu esfaqueado numa taberna, e que era espião da Rainha sob os cuidados de Francis Walsingham.

Robert Cecil, filho do principal conselheiro da rainha, William Cecil, é um personagem muito caricato também, até parece uma homenagem ao Grima - Língua de Cobra - conselheiro do rei em Senhor dos Anéis.

Estas foram apenas impressões minhas, há várias outras defendendo a existência e autenticidade da obra do maior escritor de todos os tempos: William Shakespeare.
único retrato de Shakespeare


Sugiro lerem a entrevista com James Shapiro na Folha de São Paulo, em ocasião que o mesmo veio para a FLIP - Festival Literário de Parati, para lançar justamente um livro que dá um tiro de misericórdial nas teorias da conspiração: http://ultimosegundo.ig.com.br/flip/2012-07-02/conspiracao-sobre-autoria-das-obras-de-shakespeare-e-tema-de-debate-na-flip.html


A maior parte das teorias se concentra em um único argumento: a de que um homem do povo não teria escolaridade nem inteligência suficiente para entender a alma humana como o fez Shakespeare. Para isso tenho uma resposta simples: Genialidade não tem explicação.