quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Jane Austen - como você sempre desconfiou

Ontem tive o prazer de ver um filme fofo sobre a grande escritora inglesa Jane Austen (a preferida entre 9 de cada 10 alunas minhas).

É um filme que faz uma bela homenagem, com muitos acontecimentos realmente verossímeis e outros que me deixaram na dúvida.
(detalhe: na contra-capa do dvd do filme, colocam Jane Austen como autora de DESEJO E REPARAÇÃO, mas esse filme, na verdade, é a adaptação do romance REPARAÇÃO, de Ian Mcewan)

Muito interessante perceber o quanto Jane Austen foi auto-biográfica, vendo a sua vida, você pode perceber como ela pegou acontecimentos e personagens à sua volta para criar suas obras que, segundo ela no filme, teriam q ter finais felizes, deveriam ter uma recompensa pelo altruísmo dos personagens.

É notório que o seu melhor personagem masculino, o Mr. Darcy,  veio de Thomas Lefroy, seu suposto amor em vida - no filme eles vivem realmente um romance tórrido, mas que gera dúvidas de sua autenticidade.

A tia de seu pretendente, Lady Gresham, é, com certeza, a tia rica e mocréia de Mr. Darcy, Lady Catherine.



Ao suportar dores de amores proibidos, de segredos e dos outros, bem como seu desejo de se rebelar contra aquela sociedade hipócrita, Jane Austen própria vira as personagens Elinor e Elizabeth Bennet.

Sua família em si é muito parecida com a família Bennet, e outro pretendente que a trai, John Warren,  poderia ser o Sr. Wickham, o soldado que foge com Lydia, irmã de Elizabeth.


Quanto ao suposto romance tórrido com o irlandês Thomas Lefroy, encontrei esse texto bastante esclarecedor (http://descobrindojaneausten.blogspot.com.br/2010/09/tom-lefroy-e-jane-austen.html)


O filme "amor e inocência" despertou minha curiosidade sobre Thomas Lefroy. Por isso, resolvi pesquisar sobre ele.
Thomas Langlois Lefroy (08 de janeiro de 1776 - 4 de Maio 1869) foi um irlandês -huguenote político e juiz.
Em 1796, Lefroy teve um flerte comJane Austen, que era amiga de um parente seu. Ela o menciona em duas cartas  escritas à sua irmã Cassandra
mas, não há evidências claras de que tenha sido algo realmente sério, como apresentado no filme "Amor e inocência". Sempre teremos esta dúvida.
Os fatos são que Austen e Lefroy, conheceram-se em um baile, quando ele visitou Steventon de dezembro de 1795 a janeiro de 1796.  Ele tinha acabado de terminar um curso universitário e estava se mudando para Londres para treinar como um advogado.
Jane escreveu à irmã Cassandra: "estou quase com medo de dizer como eu e meu amigo irlandês nos comportamos. Imagine tudo de libertino e chocante na maneira de dançar e sentar juntos." A família Lefroyinterveio e mandou-o embora, no final de janeiro. O casamento era impraticável, já que nenhum deles tinha dinheiro, e ele estava dependente de um tio-avô em Portugal para financiar a sua educação e estabelecer sua carreira jurídica. Se Tom Lefroy depois visitou Hampshire, ele foi mantido afastado de Austen, e Jane Austen nunca mais o viu.
Alguns sugerem que Jane tenha se inspirado nele para criar o Sr. Darcy, o que é razoavel, já que o livro foi escrito na mesma época dos acontecimentos descritos acima.
Veja alguns trechos das cartas de Jane Austen a sua irmã, onde ele é mencionado:

"Você me censurou tanto na carta longa e agradável que, neste momento recebi de você, que eu estou quase com medo de dizer como meu amigo irlandês e eu nos comportamos.  Imagine tudo de libertino e chocante na maneira de dançar e sentar-se juntos. Eu posso me expor no entanto, só mais uma vez, porque ele deixa o país logo após a próxima sexta-feira, dia em que vamos ter uma dança em Ashe, afinal. Ele é muito cavalheiro, de boa aparência, um homem agradável jovem, eu lhe garanto. Mas tendo jamais o encontrado antes, exceto nos três bailes passados, eu não posso dizer muito, porque ele tão excessivamente riu de mim em Ashe, que ele tem vergonha de vir a Steventon e fugiu quando nós chamamos a Sra. Lefroy há poucos dias. 
. .
 . . . . "Depois que eu tinha escrito o acima, recebemos a visita do Sr. Tom Lefroy e seu primo George. O último é realmente muito bem-comportado, e quanto ao outro, ele tem apenas uma falha, que o tempo irá, espero, remover totalmente - que é o seu fraque, extremamente claro. Ele é um grande admirador de Tom Jones e, portanto, usa a mesma roupa colorida, eu imagino, que ele usou quando foi ferido."
 
Em uma carta que começou na quinta-feira (14 de janeiro de 1796), e terminou na manhã seguinte, havia outra menção a ele.
"Finalmente o dia chegou em que flertarei pela última vez com Tom Lefroy e quando você receber esta carta, tudo terá acabado. Minhas lágrimas correm enquanto escrevo diante da idéia de melancolia."
Quando soube da morte de Jane AustenTom Lefroy viajou de Portugal para a Inglaterra para prestar suas homenagens à escritora britânica e, coincidência ou não, o nome de sua filha mais velha, era realmente Jane.
Em seus últimos dias de vida, Thomas Lefroy, confessou ao sobrinho, ter amado Jane, embora tenha dito ser um amor de menino.
Veja um trecho de uma carta escrita pelo sobrinho de Lefroy:

"Meu falecido e venerado tio... disse em tantas palavras que ele estava apaixonado por ela, embora amenizasse sua confissão, dizendo que era um amor de menino. Como isso ocorreu em uma conversa amigável e privada, sinto-me em dúvida se devo torná-lo público."

Embora o noivado e fuga entre os dois tenha ficado por conta do filme "amor e inocência",(2007) eu não acho improvável que o amor entre eles tenha sido profundo, pois não parece provável que, alguém que tenha escrito romances tão lindos, nunca tenha se apaixonado. 


Fontes: