Contos da Canterbury, de Geofrey Chaucer é um dos clássicos mais importantes da literatura inglesa, narra a peregrinação de 31 viajantes para a Catedral de Canterbury para reverências no túmulo de São Tomas Becket, um dos santos mais importantes da Inglaterra. Para que a viagem não fique tão cansativa, cada viajante fica encarregado de narrar um conto (seriam 4 na versão inicial, mas o autor morreu antes de completar a obra).
Uma das personagens mais enigmáticas é a Mulher de Bath (Bath é uma cidade pertinho de Londres que ainda abriga banhos romanos, daí seu nome). Ela tem uma personalidade super forte, fora casada 5 vezes e questiona muitas coisas com relação à moralidade, muito avançada para sua época, visto que Chaucer morreu em 1400, talvez a mulher de Bath tenha sido a primeira personagem feminista da literatura.
Abaixo algumas de suas falas:
Sobre seus 5 casamentos:
“Quantos, afinal, ela podia desposar? Até hoje, pelo que eu saiba, ninguém definiu esse número. Por isso deixo que os outros façam as suas suposições e as suas interpretações; quanto a mim, o que sei é que Deus, expressamente e sem mentira, ordenou-nos claramente isto: “Crescei e multiplicai-vos!”. E esse texto gentil entendo muito bem.” (Os Contos de Cantuária (The Canterbury Tales). Geoffrey Chaucer; apresentação, tradução direta do médio inglês e notas de Paulo Vizioli. São Paulo: T. A. Queiroz, 1988, pág. 137).
Sobre a virgindade:
“E onde ordenou Ele a virgindade? Sem dúvida, sei tão bem quanto vocês que quando o Apóstolo Paulo falou da virgindade, reconheceu não ter qualquer preceito sobre o assunto: pode-se aconselha-la às mulheres. Mas aconselhar não é o mesmo que ordenar.” (Os Contos de Cantuária (The Canterbury Tales). Geoffrey Chaucer; apresentação, tradução direta do médio inglês e notas de Paulo Vizioli. São Paulo: T. A. Queiroz, 1988, pág. 138).
Sobre os órgãos genitais:
“Além disso, gostaria que me dissessem: qual a finalidade dos órgãos de reprodução? E por que foram formados desse modo tão engenhoso? Acreditem-me, se foram feitos, é lógico que foram feitos para alguma coisa! Digam o que quiserem, - como dizem mesmo por aí, - que servem para a excreção da urina, ou então para distinguir fêmea de macho e nada mais...não é o que dizem? A experiência, contudo, prova que não é bem assim. Espero que os doutos não se zanguem comigo, mas, na minha opinião, eles foram feitos para as duas coisas, isto é, para o serviço e para o prazer da procriação ( dentro do que a lei de Deus estabelece). Se não fosse assim, porque está escrito nos livros que o homem tem obrigação de pagar seu débito à mulher? E como poderia ele pagar seu débito, a não ser usando aquele seu instrumentinho engraçado?” (Os Contos de Cantuária (The Canterbury Tales). Geoffrey Chaucer; apresentação, tradução direta do médio inglês e notas de Paulo Vizioli. São Paulo: T. A. Queiroz, 1988, págs. 138-139)
Sobre sua infidelidade:
“Também jurava que minhas saídas à noite eram para espionar os seus encontros amorosos (dos maridos); e, graças a essa desculpa, pude ter muitas alegrias. Pois esses talentos já nasceram conosco: Deus quis que as mentiras, as lágrimas e as intrigas fizessem parte da natureza da mulher, em todas as idades. Por isso, há uma coisa de que me orgulho muito: no fim das contas, eu sempre levava a melhor em tudo, de um jeito ou de outro, por esperteza ou à força, e sempre com resmungos e queixumes.” (Os Contos de Cantuária (The Canterbury Tales). Geoffrey Chaucer; apresentação, tradução direta do médio inglês e notas de Paulo Vizioli. São Paulo: T. A. Queiroz, 1988, págs. 143).
E, por fim, um discurso que poderia ser usado em Sex and the City
“Que Jesus Cristo mande a nós também maridos dóceis, jovens e fogosos na cama...e a graça de podermos sobreviver a eles! E, por outro lado, encurte a vida dos homens que não se deixam dominar por suas mulheres, e que são velhos, ranzinzas e avarentos...para esses pestes, Deus, envie a peste!” (Os Contos de Cantuária (The Canterbury Tales). Geoffrey Chaucer; apresentação, tradução direta do médio inglês e notas de Paulo Vizioli. São Paulo: T. A. Queiroz, 1988, págs. 156).
Unh, Mulher de personalidade e de argumentos inteligentes...
ResponderExcluirPura verdade o q diz!